domingo, 25 de dezembro de 2011

Coração de mulher

Os tempos modernos chegaram e, consequentemente, o estilo de vida das mulheres acompanhou essa mudança na mesma sincronia. Hoje a mulher ocupa papel fundamental dentro e fora de casa. Carreira, filhos, marido, casa e cuidados com a beleza. Esses são apenas alguns dos compromissos dela durante as 24 horas do dia.O ritmo de vida acelerado trouxe muitas conquistas para o sexo feminino, mas também gerou ônus. Um deles atinge diretamente o coração, com o aumento do risco de problemas cardíacos. 

As doenças cardiovasculares, até então vistas como típicas do sexo masculino, já ultrapassam as estatísticas dos tumores de mama e útero. Segundo dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), respondem por um terço das mortes entre mulheres no mundo, com 8,5 milhões de óbitos por ano, mais de 23 mil por dia.

Entre as brasileiras, principalmente acima dos 40 anos, as cardiopatias chegam a representar 30% das causas de morte – maior taxa da América Latina. “Infelizmente as pacientes não têm um olhar preventivo para esses males. Para elas, o grande cuidado com a saúde está no exame de Papanicolau. E as enfermidades do coração são seis vezes mais frequentes do que o câncer na mulher”, explica o dr. Otávio Gebara, cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein e autor do livro Coração de Mulher.

O infarto está entre os principais problemas cardíacos que acometem as mulheres e, devido à falta de sintomas típicos no organismo feminino, pode causar até o dobro de mortes na comparação com os homens. Além disso, elas sofrem entupimento também nos microvasos, diferentemente dos homens, que registram obstruções, com maior frequência, nos macrovasos.

Fatores de risco femininos

Chegada da menopausa

Período no qual o hormônio de proteção (estrógeno) para de ser produzido. Esse hormônio faz a manutenção do revestimento dos vasos sanguíneos. Além disso, os vasos ficam mais dilatados e, consequentemente, a pressão é mais baixa.


Sintomas não convencionais

A falta de sintomas no organismo feminino ou sintomas não típicos da doença preocupam muito os médicos. “A mulher não sente aquela dor característica no peito. Sente apenas cansaço, náuseas, dor na parte superior do abdome, nas costas e no pescoço. Isso dificulta na hora do diagnóstico e o problema cardiovascular pode até mesmo passar despercebido”, diz o dr. Abraham Pfeferman, cardiologista do Einstein.


Pílulas anticoncepcionais

Sua ingestão, em geral desde a adolescência, pode aumentar os riscos de trombose (entupimento de veias ou artérias). Isso ocorre porque o excesso de estrógeno presente na pílula atua sobre os fatores da coagulação, o que pode provocar obstruções em vasos sanguíneos, as chamadas embolias. Há três décadas esse era um assunto polêmico, mas hoje em dia o quadro vem se modificando, pois os anticoncepcionais apresentam dosagens menores da substância e, dessa forma, os riscos diminuíram – mas ainda existem.


Reposição hormonal

Outro assunto polêmico. A terapia de reposição hormonal (THR) traz muitos benefícios quando a mulher entra na menopausa. Mas cada caso é um caso, por isso deve ser discutido com o médico. Quando iniciada no momento certo, pode ajudar na prevenção de alguns problemas, tais como sintomas da menopausa, falta de desejo sexual e alteração de humor; se tardiamente, há riscos. 


Coração bem-cuidado

Com apenas alguns ajustes nos hábitos de vida é possível colaborar para a saúde do coração, de acordo com o Nurse’s Health Study, a maior pesquisa americana nesse âmbito, iniciada em 1976 e expandida em 1989, abrangendo 238 mil mulheres. Ainda usado como referência por muitos médicos, o estudo constatou que pequenas mudanças na rotina feminina poderiam evitar oito em cada dez casos de doenças cardíacas. Entre os maiores inimigos da mulher estão cigarro, diabetes, hipertensão e colesterol. O mesmo vale para os homens, mas para elas os efeitos são ainda mais nocivos. 

Para o coração feminino continuar saudável é preciso manter dieta equilibrada e peso ideal, praticar exercícios regularmente, não fumar e acompanhar de perto os índices de colesterol e a pressão arterial. “Não podemos adivinhar esses números ou esperar até os 50 anos para descobri-los”, alerta o dr. Gebara. 



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